quinta-feira

...e meu nome é MULHER!

O  meu nome é MULHER! 
No princípio eu era a Eva

Criada para a felicidade de Adão
Mais tarde fui Maria
Dando à luz aquele
Que traria a salvação
Mas isso não bastaria
Para eu encontrar perdão.
Passei a ser Amélia
A mulher de verdade
Para a sociedade
Não tinha a menor vaidade
Mas sonhava com a igualdade.
Muito tempo depois decidi:
Não dá mais!
Quero minha dignidade
Tenho meus ideais!
Hoje não sou só esposa ou filha
Sou pai, mãe, arrimo de família
Sou caminhoneira, taxista,
Piloto de avião, policial feminina,
Operária em construção...
Ao mundo peço licença
Para atuar onde quiser
Meu sobrenome é COMPETÊNCIA
E meu nome é MULHER..!!!!
 
           


(O Autor é Desconhecido,
mas um verdadeiro sábio...) 

terça-feira

domingo

Carlos Drummond e a feijoada...

Poema de Carlos Drummond de Andrade

Uma velha e perfeita cozinheira a quem pedi a fórmula sagrada
Da feijoada à mineira,
Mandou-ma.  Ei-la: "Receita de feijoada -

Tome coisa de um litro de feijão
Preto, novo, sem bicho,
E, depois de catado com capricho,
Jogue no caldeirão.

(Com feijão que não seja preto é à toa
tentar fazer feijoada.
E se teimar, não cuide que sai boa;
Sai não valendo nada.)

Quando estiver o caldeirão fervendo
Ou antes, deite o sal,
As mãos de porco, orelhas e, querendo
Focinhos e rabo; isto (está claro) tendo,
Porque não tendo é o mesmo, não faz mal.

Se, além desses preparos, deitar nela
Linguiça e mais um osso de presunto,
Só o cheiro da panela
Faz crescer água à boca de um defunto.

Eu já ia me esquecendo (que memória)
Da carne seca e da couve.
Feijoadas sem elas, qual! É a história...
Não há nem nunca houve.

Depois de tudo bem cozido, a ponto,
Machuque bem um pouco do feijão
E pronto.
Mas machuque só a parte que senão,
Em vez de feijoada sai pirão.

Eis, aí está o prato preparado...
Minto: falta ainda o molho
Que embora simples é o segredo o escolho De muito bom guisado.

O molho faz-se com vinagre, ou então,
(Para sair a coisa mais completa)
com suco de limão
e bastante pimenta malagueta.

Sal, ponha quantum satis.
Não vai ao fogo nem ligeiramente,
Exceto se levar também tomates,
Cebola, ou outro que tal ingrediente.

Co/a feijoada, a clássica, a mineira É compulsório o uso da farinha.
Como bebida, um trago de caninha.
Há quem regue o vinho; mas é asneira.

Quanto à caninha fala-se
Ou não se fale, a mim é indiferente. 
Eu tenho a firme opinião que um cálice
Nenhum mal faz à gente."

Eis aí a receita.
Publico-a sem responsabilidade.
Experimentem, se sair bem feita
E eu, no dia, estiver nessa cidade...
Não insinuo nada:
Apenas lembro que ninguém rejeita
Convite para almoço de feijoada.